sexta-feira, 6 de novembro de 2009

jovens como atores da historia

Este pequeno texto e um processo de formação e que inicia-se com as ações que os professores de história deve -se preocupar ,pois temos em nossas mãos um poderosa ferramenta, que e a de criar uma mentalidade histórica em nossos alunos,buscar ferramentas viáveis dentro e fora da sala de aula .
Pois assim ,colocar ao aluno as proprias transformações da ordem social,e como elas ocorreram e assim mobilizar estes alunos para que pense a história não como um processo do passado mais como as refletiveis de sua história como sujeito historico .

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O BRASIL

– HEGEMONIA DO PROPRIETÁRIO DE TERRA

Com base nos estudos de MARTIN CARNOY sobre o pensamento de GRAMSCI sobre hegemonia será usado para analisar o fenômeno da sociedade Brasileira; “o Coronelismo”. E nos dá amparo para discutir o predomínio ideológico dos valores de uma classe sobre outra.
MARTIN CARNOY diz que, GRAMSCI enfatiza o papel da superestrutura na perpetuação das classes e no desenvolver da consciência de classe. Reafirmamos esta idéia.

“Ele atribui ao Estado parte dessa função de promover um conceito (Burguês) único da realidade e, consequentemente, emprestou ao Estado mais extenso (ampliado) na perpetuação das classes” (MARIN CARNOY. Pág., 90, 1988).

Em termos mais institucionais e o que ocorre nas cidades dirigidas pelo coronelismo.
“Por isso mesmo o coronelismo e sobretudo um compromisso, uma troca de proveitos entre o poder público, progressivamente fortalecido, e a decadente influencia social dos chefes locais, notadamente dos senhores de terras, não é possível, pois, compreende o fenômeno sem referencia á nossa estrutura agrária, que fornece a base de sustentação das manifestações de poder privado ainda tão visíveis no interior da base” (V.N. LEAl. pág. 40, 1997).

Este processo reforça a idéia de GRAMSCI do trabalhador, que passa pela questão no coronelismo brasileiro. Também se nota o fator econômico como ponto chave, já que a posição econômica do proprietário agrário, nem sempre se traduz em horizonte próspero, pois grandes fazendeiros têm suas condições muitas vezes remediadas, e através de influências e prestígio que consegue continuar suas atividades. O fator econômico está na essência do controle social.

“Às vezes, água encanada, instalações sanitárias e até luz elétrica e rádio o roceiro vê sempre no “coronel” um homem rico, ainda que não seja, rico, em comparação com sua pobreza sem remédio. Além do mais, no meio rural, é o proprietário de terras ou de gado quem tem meios de obter financiamentos” (V. N. LEAL. pág.43, 1997).

MARTIN CARNOY coloca que para GRAMSCI a sociedade civil é superestruturada representando o fator ativo e positivo do desenvolvimento histórico, assim, as relações ideológicos e culturais, vida espiritual e intelectual e as condições políticas dessas relações sociais que tornou centro da análise; exemplificando reais condições nas cidades do interior e suas condições sociais.
“Completamente analfabeto, ou quase, mas nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor, e deve na verdade, que recebe os únicos favores que sua obscura existência conhece”. (V. N. LEAL. pág 44, 1997).

O fazendeiro aparece como mecanismo da classe dominadora, num amplo controle social.
“Podemos para momento. Fixar dois grandes “níveis” superestruturais: o primeiro pode ser chamado de “sociedade nominados “privados”, e o segundo, de “sociedade política” ou “estado”. Esses dois níveis correspondem, de um lado, à função de “hegemonia”que o grupo dominante exerce em toda sociedade; e de outro. À dominação direta ou ao comando, que é exercida através do Estado e do governo jurídico” (MARTIN CARNOY. pág 92, 1988).
2.1 – Hegemonia e forma de controle social

A hegemonia da ideologia se transforma em ponto essencial no círculo do cotidiano nas grandes fazendas, onde o coronel se coloca como forma hegemônica na sociedade civil e se sobrepõe à sociedade política numa estrutura que representa um desenvolvimento histórico numa visão das relações sociais e culturais etc. Assim GRAMSCI acrescenta a teoria de Marx, na questão que nem força e nem lógica da produção do sistema do capital poderia explicar o consentimento que goza essa produção entre classes subordinadas.
“Ao contrário, a explicação para esse consentimento reside no pode da consciência e da ideologia. Mas concomitantemente, nessa própria consciência que pode consentir nas relações da sociedade capitalista repousam os fundamentos de uma estratégia para obter o consentimento ativo das massas através de sua autorganização, começando pela sociedade civil, e em todos os aparelhos hegemônicos da fabrica a escola e a família”. (MARTIN CARNOY. pág. 95, 1988).

Sendo a questão importante, pois todas as ações de melhoramento nos municípios brasileiros se voltam para o coronel, mas não podemos deixar de lado as atividades feitas no município como, construções, hospitais, escolas, redes de esgotos e água encanada. Podemos requerer contribuições pessoais a seu patronato e clientelista fortemente conservando sua posição de líder.
“Apesar disso, em nossa literatura política, especialmente na partidária, o “coronel” não tem sido poupado responsável, em grande parte, pelas vitórias eleitorais dos candidatos do oficialismo; é frequentemente acusado de não ter ideal político. Sua mentalidade estreita, confinada ao município, onde os interesses de sua facção se sobrepõe aos da Pátria, seu descaso pelas qualidades ou efeitos dos candidatos as eleições Estaduais e Federais, tudo isso incute no espírito dos derrotados amarga descrença nas possibilidades do regime democrático” (V. N. LEAL. pág.58, 1997).

Neste contexto de cartas marcadas todos os mecanismos de educação e trabalho estão no controle do “Proprietário Rural”, aplicado à dependência do trabalho no campo, sem diferença de condições de parceiro e do pequeno proprietário, assim não é de se estranhar o Voto do Cabresto, ROCEIROS ANALFABETOS, sem assistência médica, sem informações de jornais, revistas limita-se a ver figura, o roceiro, a não ser em casos isolados tem no patrão a única cota de beneficiador. E dele, na verdade, que recebe os únicos favores que conhece.
Há no conceito Gramsciano de hegemonia dois significados importantes:

“Primeiro é um processo na sociedade civil pelo qual um aparte da classe dominante exerce o controle, através de sua liderança moral e intelectual sobre outras frações aliadas da classe dominante, segundo é a revelação entre as classes dominantes e as dominadas. A hegemonia em usar sua liderança política, moral e intelectual para impor sua visão de mundo como integridade abrangente e universal, e para moldar os interesses e as necessidades dos grupos subordinados”; (MARTIN CARNOY. Pág. 95. 1988).

A segunda está em analisar o significado das contradições que levam ao conflito. Hegemonia que expressa na sociedade como o conjunto de instituições ideológicas, sendo especial no caso brasileiro do próprio coronel representante ideológico, institucional do Estado que representa a classe agrária.
“A influencia do chefe local nas nomeações atinge os próprios cargos federais; como coletor, agente do correio, inspetor de ensino secundário e comercial etc. e os cargos das autarquias (cujo quadros de pessoas tem sido muito ampliados), porque também e praxe do governo da união, em sua política de compromisso com a situação estadual, aceitar indicações e pedidos dos chefes políticos nos Estados”. (V. N. LEAL. pág. 65, 1997).

A imensa lista de favores não se esgota no fator origem pessoal, a debilidade do serviço público do interior auto – dependente do Estado e do próprio Coronel. O Estado que auxilia financeiramente em obras como estradas, pontes, escolas etc. Ponto importante para consolidar o processo hegemônico e a liderança do coronel, e por outro também na questão financeira pois com estes mecanismo o próprio coronel sai ganhando.
“Os próprios fazendeiros que carecem de estradas para escoamento de seus produtos e assistências médicas, ao menos rudimentar, para seus empregos acabariam por lhe recusar apoio eleitoral”. (V. N. LEAL. pág. 66, 1997).

Segundo CARNOY, com base nos estudos de GRAMSCI, como as instituições que formam o aparelho hegemônico só terão sentido, quando num contexto de luta de classes, à classe dominante estenda seu poder e controle sobre a sociedade civil através destas instituições.

Na estrutura fundiária, coronelística brasileira a busca de hegemonia se dá no fortalecimento dos coronéis.
“Salvo situações especiais que não consistem regra – consiste no seguinte: da parte dos chefes locais, incondicional apoio aos candidatos do oficialismo nas eleições estaduais e federais; da parte da situação estadual, Carta - Branca ao chefe local governaria de preferência o líder da facção local majoritária em todos os assuntos relativos ao município, inclusive na nomeação de funcionários estaduais locais”. (V;N; LEAL. pág. 70, 1997).


Assim, a organização agrária manterá a dependência do trabalhador do campo, pois ela é ponto de reprodução do controle social aliado com poder extra legal, dando ao dono das terras o controle e com vistas a manter a dependência e o hegemonia na sociedade civil no município.
Para GRAMSCI a compreensão da sociedade capitalista, e se dá com incorporação da hegemonia aparelho do Estado, no conceito marxista-leninista de Estado como um instrumento da burguesia. Assim indica MARTIN CARNOY:
“Portanto, o Estado e, simultaneamente, um instrumento essencial para a expansão do poder da classe dominante e uma força repressiva (sociedade política) que mantém os grupos subordinados fracos e desorganizados”. (pág. 98 cap.3 Estado e Teoria Política)

O coronel pode ser analisado, desta forma, pois representa a impossibilidade de consciência da parcela de trabalhadores, seja assalariada ou não. Sua importância está na organização política municipal já que demonstra sua força, impondo favores pessoais de toda ordem, desde emprego público até os mínimos obséquios, se nota a manifestação paternalista, negando ações a seus adversários para fortalecer e prestar favor a amigos.

Assim, há uma hegemonia da classe agrária. Fica claro a fragmentação da classe agrária.
“Quando vê a necessidade de mudar de partido (o que significa geralmente aderir ao governo) o chefe local ou “coronel” – retarda o seu pronunciamento”. (V. N. LEAL. Pág. 62, 1997).

Portanto não podemos deixar de analisar que nem sempre a hegemonia de um coronel frente a uma classe fragmentada terem interesses.
“Sabe, por isso, o “coronel” que sua impertinência só lhe traria desvantagens: quando, ao contrario, são boas as relações entre o seu poder privado e o poder instituído pode o “coronel” desempenhar, indisputadamente, uma larga parcela de autoridade pública, e assim nos aparece este aspecto importantíssimo do “coronelismo”, que o sistema de reciprocidade, de um lado; os chefes municipais e os “coronéis”, que conduzem magotas de eleitorais como quem toca tropas de burros; de um lado, a situação política dominante no Estado, que dispõe, dos empregos, das forças políticas, que possui, em suma, o cofres das graças e o poder da desgraças”. (V. N. LEAL pág. 63, 1997)

Analisar as firmações hegemônicas e o papel do Estado para podermos enquadrar o Estado brasileiro da República Velha usaremos um conceito segundo MARYN CARNOY.
“A hegemonia política em contraste com a hegemonia civil, porém está também presente no estado como hegemonia política em contraste com a hegemonia civil, portanto, ela está em todo lugar, mas sob formas diferentes: o Estado torna-se um aparelho de hegemonia, abrangendo a sociedade civil, e apenas distingue-se delas pelos aparelhos coercitivos, que pertencem apenas ao estado”. (MARTIN CARNOY pág. 99 cap.1988).


Esta análise de GRAMSCI traduz ações brasileiras, feitas para beneficiar o coronel e assim temos uma máquina administrativa montada pelo Estado, para manter a dominação no município. Para que isto ocorra, os próprios funcionários estaduais, que servem no lugar, são escolhidos por sua indicação, serventuários de justiça, promotor público, inspetor de ensino primário, servidores da saúde etc. Para tantos cargos a indicação ou aprovação do chefe local costuma ser de praxe.
Sendo assim, a hegemonia também existe tanto na sociedade civil como no Estado. Há grande autonomia dos aparelhos hegemônicos. Há tensão entre dois, em particular a fração da classe dominante que detém o poder político não é a classe hegemônica.
Na sociedade civil pontos que argumentam a função da hegemonia na sociedade civil, onde os aparelhos ideológicos são menos óbvios, e, mais eficazes na mistificação da dominação de classe, contraponto-se aos aparelhos hegemônicos estatais, que são muitos evidentes no papel reprodutivo, especialmente por que são portadores de uma coerção, escola, sistema jurídico etc.
Assim podemos analisar que os dois pontos, podem ser visto juntos, ou um dando suporte ao outro, pois o Estado tem condições de se impor como centro autônomo a uma sociedade civil sem consciência, em particular, no caso brasileiro que tem como plano fundo desta análise.
Se nota em especial, a função do proprietário da terra, como ponto autônomo, pois através de seus rebanhos eleitorais, tem um controle ideológico e econômico das classes trabalhadora (assalariados, rendeiros, meeiros etc).
Sendo essa forma reprodutiva da hegemonia do Estado nos pequenos municípios do interior. Outro ponto importante é a questão da autonomia do coronel, (proprietário de terra), pois é dado a ele uma liberdade muitas vezes extra-legal em contraste da falta de autonomia municipal. Opera-se, pois, uma curiosa inversão no exercício da autonomia local.
Se garantia juridicamente contra as intromissões do poder estadual e assentada em sólida base financeira. A autonomia do município seria naturalmente exercida, no regime representativo, pela maioria do eleitorado, através de seus mandatários nomeados nas urnas. Mas com a autonomia extra legal fica dependendo inteiramente das concessões do governo estadual. Já não será um direito da maioria do eleitorado, será uma dádiva do poder.

– A Revolução de 1930 e o Coronelismo-Oligárquico

Como, vimos até 1930, o poder político brasileiro estava nas mãos das classes agrárias num domínio total, passando de órgãos municipais aos Estados, desde ao plano Federal, havendo divisões de grupos agrários. Um controle partidário nos Estados, só no fim da Republica Velha. As oposições formaram duas organizações mais estáveis – o Partido Democrático de São Paulo e o Partido Liberal do Rio Grande do Sul,
Mas com o fim da República Velha, modificações acontecem frente às crises sociais – econômicas que seriam o suporte para o processo “revolucionário de 1930” a classe agrária, mantém-se como classe dominante. Mas agora se dividirá, com possibilidade de organização dos partidos e diversas ideologias, enfraquecida por suas divisões, assim, não impondo sua própria ideologia como antes a grupos aliados ou subalternos representa um processo politicamente transformativo e pedagógico, pelo qual a classe (fração) dominante articula um principio hegemônico, que combina elementos comuns, extraídos das visões de mundo e dos grupos aliados.
“Por sua vez, a burguesia continua subordinada às oligarquias rurais, que chamaremos, para simplificar, também de classe agrárias ou rurais”. (EDGAR CARONE. pág.143, 1978).

Enquanto na primeira república estas dominam totalmente o sistema político, como forma hegemônica. Já na segunda República (1930-1937) existem governos provisórios: entre 30 e 1933-1934, muitos estados são governados por Tenentes (classe média), e apoiados ou não pelas forças coronelísticas locais e seus partidos estaduais. Com as eleições de 1933-1934 os Coronéis voltam a dominar todos os poderes estaduais e há um recuou total dos Tenentes.
Isto não significa simples retorno ao passado, pois o jogo de forças agora é diferente, a revolução de 1930 é a quebra de um sistema de domínio baseado em primeiro lugar, na existência dos poderes locais e estaduais dos fazendeiros; em segundo lugar, na preponderância dos grandes Estados (São Paulo – Minas Gerais) sobre os pequenos. A revolução de 1930 não só põe em xeque o domínio dos grandes Estados e permite a ascensão do Rio Grande do Sul, mas há uma participação nova de forças sociais dinâmicas, da classe média e o operariado urbano, abafados e proibidos de se manifestarem organizadamente antes de 1930.
Há um contexto novo, onde a classe agrária mantém sua hegemonia, mas convive com manifestações de outras classes, mesmo com a ditadura e poder centralizado, as relações hegemônica com a base do coronelismo pode se modificar.

“É o que se dá no inicio da República, após 1930, e durante o Estão novo, nestes momentos, devido ao poder discriminatório, grupos ou políticos, com influencia sobre os governantes federais, ajudam a queda ou a ascensão de políticos ou de oligarquias nos diversos Estados, nas épocas de poder discriminatório, o jogo pelo poder se dá não só localmente, mas também depende das simpatias existentes ou a serem adquiridas no plano Federal”. (EDGAR CARONE. pág.144, 1978).

- O Governo Vargas

O governo Vargas quebra a autonomia local, pois agora com processo que se instala, cria-se um amplo Estado centralizado, e o governo terá importância para ascensão ou queda de oligarquias com aumento efetivo do controle do Estado, criando uma hegemonia do Estado. Este fenômeno será facilmente notado no governo de Getúlio Vargas, com processo de nomeações de interventores que depende de forças atuantes de dentro do governo, não mais das forças reais nos Estados. O coronel manterá seu domínio no Estado, mas agora dividido em oposição e situação. Diferente da primeira República a oposição que era composta de pequenos grupos, após – 30 continua a divisão sendo a oposição em maior número.
Mas as oposições agora são maiores numericamente e mais agressivas, pois o contexto geral lhes dá maior liberdade e, fato novo, possibilidades de mobilizar-se contra os donos do poder; ou para citar forma diferente e nova, temos o exemplo de 1932 em São Paulo.
O exemplo paulista mostra, mais uma luta hegemônica de classes dominantes, num primeiro momento, pois tanto oposição e situação são exemplos de classe dominante, mas agora às modificações hegemônicas nos Estados ou Municípios dependerá das ações do governo Federal.
“A consolidação ou declínio de novos ou velhos grupos oligárquicos se explica, no Estado Novo, em parte, pelo poder de decisão de um elemento estranho, isto é, o governo Federal” (CARONE. pág.150, 1978).

A estrutura destas modificações foram relativas, pois com indicações feitas de fora ao Estado e não pertencente aos grupos locais este só governa com apoio das oligarquias agrárias (proprietários terras), ou de parte delas, senão quando a escolha recai sobre pessoa pertencente aos grupos do Estado significando nos dois aspectos.
Primeiro há uma consolidação de uma classe, ligado ou não as antigas oligarquias, tudo depende da relação com o poder do estado. Nesse momento devido ao poder discrissionatório grupos ou políticos, com influências sobre os governantes federais, ajudam à queda ou a ascensão de políticos ou de oligarquias nos diversos Estados.
Segundo aspecto será o poder centralizador e intervencionista que agora representa uma inversão do processo hegemônico, que agora é exercido pelo Estado.

“Permanecemos sempre no terreno da identificação de Estado e de governo, identificação que não passa de uma representação da forma econômica - corporativa, em outras palavras, da confusão entre sociedade civil e sociedade política, pois é necessário salientar que a noção geral de Estado inclui elementos que também são comuns à noção de sociedade civil neste sentido poder-se-ia dizer que o Estado: sociedade política + sociedade civil, em outras palavras a hegemonia garantida pela couraça da coerção”. (CAMOY. PÁG.98, 1988).

Portanto, com aspectos novos, como vimos à ação efetiva do Estado como na escolha de chefes executivos. A modificação estrutural será relativa, pois quando é indicado elemento de fora do Estado e não pertencente aos grupos locais, este só governa se tiver apoio por partes das forças locais; senão, quando a escolha recai sobre pessoas pertencentes a grupo de Estado, isto significa permanência ou consolidação de uma oligarquia.
“As relações de favor e de dependência, forma intrínseca do sistema coronelismo, permanecem intactas durante o Estado Novo. O que muda é a possibilidade de interferências como é o caso da influencia das forças Federais, que podem resultar em relações negativas ou positivas”. (CARONE. PÁG.151, 1978).

As forças Federais foram representadas pelos subordinados que tinham em suas mãos a possibilidade de manter ou substituir prefeitos. Como exemplo, a Lei Orgânica sobre os Estados e Municípios de abril de 1939, dando poder aos interventores para agir segundo seus interesse, nomeando e modificando prefeitos, controle de gastos, às oligarquias se reforça todo mecanismo de subordinação.
Em Minas Gerais, é baixado o decreto nº 11 no qual estipulou que os prefeitos seriam de livre nomeação do governador, ao mesmo tempo o interventor Benedito Valadares demite 30 prefeitos eleitos em 1934 e os substituir pó elementos seus.
O exemplo dos Estados e Municípios, o fenômeno novo aponta no Brasil, onde se vê o Estado criar novas forças para se impor às oligarquias existentes e os interventores procuram sempre que possível indicar prefeitos sem ligações com as lideranças estabelecidas. É procurando forças que se opõem as velhas forças, quando estas são contrarias, mais mesmo com preferência do Governo Federal não significa que as alas vitoriosas acatem de forma unânime e passiva.
Assim o sistema coronelístico permanece o mesmo, apesar das possíveis intervenções estranhas, influência e toda a relações sociais, políticas e familiares persistentes, o que explica o automático reflorescimento do sistema. Logo após a abertura democrática de 1945 e a conseqüente constituição do sistema político - partidário oligárquico, os da união democrática nacional, do Partido Social Democrático e do Partido Social Progressista.
Temos na revolução de 30, um aspecto importante é designado uma mudança política, e marco da continuidade histórica num contexto que mostra que as mudanças políticas ficam sim como no passado, às fortes influências agrárias continuam presentes no interior. Em contra partida se enfraquece nos grandes centros que se desenvolve a indústria, mas na grande parte dos municípios do interior o proprietário de terras (coronel), ainda é a fonte de controle social – econômico, sendo a única fonte de trabalho ao roceiro.

NOVA ESQUERDA

A NOVA ESQUERDA E O LIVRO DIDÁTICO

Os historiadores da chamada ‘’nova esquerda’’, como Edward. P.Thompson, Christopher Hill e Eric Hobsbawn,representam ainda o materialismo histórico ,mas se separa do velho dogmatismo do pensamento marxista ,o evento econômico são também eventos humanos,por tanto unidos com eventos sociais e culturais,assim o mundo da cultura passa a ser examinado como parte do modo de produção e não como simples reflexo econômico .A nova esquerda representa uma abertura ao materialismo histórico, numa visão múltipla quebrando o gelo do período stalinismo, o terror vermelho onde os atividades de praticas revolucionarias das massas dentro da Rússia foi cada vez mais desencorajada ,o stalinismo amordaçava a cultura soviética e impunha aos partidos políticos mundo a fora uma política voltada para a teoria leninista marxista sem uma liberdade intelectual funcionando como propaganda ideológica dos feitos do Estado de seu líder máximo, com uma visão totalizante da sociedade voltada como um só ser (trabalhador (a)) para a construção do futuro, do “homem novo”, puro física e mentalmente, livre de “desvios burgueses” e de sua ‘cultura decadente’, realizado enormes estragos no desenvolvendo atividade criativa de toda uma geração de intelectuais soviéticos, ampliava o grau de centralização das orientações políticas em torno do chamado ‘núcleo dirigente’,acabou com as liberdades individuais e criou uma estrutura policial e militar de combate aos inimigos do regime. Instituiu punições que incluíam expurgos, trabalhos forçados, escravidão e assassinatos, já no pensamento marxista inglês releva-se os aspectos culturais, teremos não uma noção de classe como categoria estática,mas como uma categoria histórica podendo assim conhecermos nosso comportamento através do tempo. Partindo de uma construção de mecanismo para conhecer a relação entre o passado/presente/futuro numa história total, numa visão interdisciplinar.
Para nosso objeto nesse trabalho de investigação – tem como principio entender as existências reais dos fatos históricos e as relações entre o sujeito e objeto do conhecimento,sendo assim um conhecimento não passivo,não repetido,buscando uma interação dialética no processo de conhecer e construir o conhecimento e buscar, analisar como os livros didáticos podem ser encarados como um produto muito mais da defesa dos interesses da livraria, a qual detinha a exclusividade dos títulos, do que da questão do direito da propriedade do autor,e através de uma ideologia ,que monta imagens e lógicas de uma identificação social escondendo conflitos de uma sociedade dividida ,mascarando e petrificando o tempo ,e tornando a sociedade histórica sem capacidade de se conhecer ,o sujeito social(o aluno)não conhece e não compreende suas próprias ações e políticas,sua origem e que este processo e fundamental para sua atuação.A sociedade histórica precisa entender sua origem,enigma de sua auto-instituição,enfrentar o advento do poder político como polo separado do social,pois ocorre a periodização da história cujo marco não pode ser apenas uma visão de uma elite conservadora nem de interesses de livraria.
No contexto escolar da sala de aula, o professor passa a ser um verdadeiro articulador e o aluno é elemento chave sendo preciso observar quais os lugares e posições que eles ocupam em relação ao livro didático. O professor assume o papel de regente do livro didático, uma vez que este recurso foi elevado, no contexto educacional atual, o transmissor do conhecimento aceito. Cabe ao professor este espaço específico, que lhe confere a identidade de condutor do processo que se constrói nas relações com o livro didático. Com relação ao aluno, podemos inferir que este desempenha um papel completamente passivo como sujeito-leitor dos textos que o livro didático apresenta.
Logo situamos o fato histórico e sua construção nos livros didáticos que deve ser de informação a nossos alunos, e como ele pode ser um poderoso meio de dominação ideológico? Como a nova esquerda pode influenciar para uma nova visão do fato?Como e construído a noção de tempo?Que história pretende veicular nas escolas?Como construir uma visão global da história?Qual noção de tempo tem sido objeto do trabalho no livro didático?A história e só um conhecimento factual do passado?A noção de tempo Cronológica é única?
São perguntas que nos levam a um processo bastante complexo, pois na maioria dos livros didáticos os fatos são fechados, sempre impondo conceitos, e os próprios livros são produtos para um mercado, para um trabalho critica e analítico, na procura de entender as transformações do marxismo, e tem como base a nova esquerda e procurar como o fato é construído dentro do livro didático na escola pública e como ele pode ajudar a alienar milhões de alunos relativos à construção histórica de seu passado e influenciando o futuro destes alunos,‘’discurso daqueles que para mim sofrem do que chamo de Complexo de Paraíso Perdido, é recheado de chavões que constantemente apelam para a mídia como ‘prova’ de uma mundo em irremediável declínio, farto de notícias sobre crimes hediondos, corrupção e guerras, que dado a uma completamente ilusória ascensão numérica, mostraria uma inevitável desintegração de tudo o que podemos considerar bom em nossa civilização. Sempre gosto de perguntar a essas pessoas se elas realmente acham que tais coisas não aconteciam em qualquer período do passado textualmente registrado, ou sobre que tipo de notícia elas acham que comporia um hipotético noticiário televisivo no século XIV.Diante da conclusão de que os fatos históricos são tão multifacetados quanto escorregadios, sujeitos a imprevisíveis interpretações que sempre serão "corretas", Carr lança a questão de qual deve ser a postura do Historiador em relação ao seu objeto de estudo. Qual seu compromisso com os fatos?’’ 1


1 Universidade de Brasília, Setembro de 2000, IH - Departamento de História, Disciplina: Introdução ao Estudo da História, Professor: Roberto Baptista Júnior.

são pedro da união

- ORIGEM DA CIDADE

– Localização e Origem de São Pedro da União – MG

São Pedro da União está localizada ao sudoeste de Minas Gerais, sobre o planalto de Poços de Caldas, sobre a bacia médio Rio Grande, com o clima considerado semi-úmido, sua vegetação natural é composta de ambrôfila mista, a vegetação que ocorre em níveis altimétricos situados acima de 800 metros de altitudes, seus agrupamentos são considerados como disjunções refugiados da serra da Mantiqueira.
Encontra-se ainda vegetações remanescentes das formações de Montana e Auto-Montana, caracterizada pela presença de auracaria, localizado a 406 km de Belo Horizonte e 470 km de São Paulo. E então localidade tem municípios visinhos como Guaranésia, Nova Resende, Guaxupé, Monte Santo de Minas, Bom Jesus da Penha, cuí.
No ano de 1953 erguem-se as primeiras casas no então distrito de São Pedro da União – MG, onde foram doados sessenta alqueires de terras, num fato importante que mexe com dois pontos essenciais na estrutura que nasce o município; o primeiro é a questão agrícola; pois se tem num perímetro uma doação em grande escala de terra de posses de várias pessoas dentro do então distrito da Vila São Carlos de Jacuí comarca de Três Pontas, doada por 19 pessoas ditas sócias desta fazenda, como coloca o tabelião, senhor Arthur Freire:

“Todos moradores nesta mesma fazenda que os reconheço pelos próprios de que trato e dou fé e por eles foi dito em presença das testemunhas adiante nomeadas a assinadas elas bem de mim reconhecida, que sendo eles sócios em comum nesta dita fazenda e como tais senhores e possuidores das partes que proporcionalmente lhes cabem muitos se suas livres vontade e sem constrangimentos de pessoa alguma doavam como de fato doado tinham sessenta alqueires de culturas e cerrados no lugar denominado “Retiro”, para patrimônio da capela do mesmo santo que é São Pedro; assim delimita a localização geográfica, como aponta o mesmo tabelião; “Principia no Corguinho da morada do doador João Manuel do Amaral até a Barra das “Areias”, e descendo areias abaixo até a barra do córrego da Morada do Finado Francisco Jose de Siqueira e subindo por este acima até o fundo do quintal do mesmo Siqueira e subindo pelo córrego da esquerda, seguindo a maior água até a serra e seguindo por esta até o espigão que vem procurando o Corguinho onde principiou e finda esta divisa com a declaração porém que a todo o tempo em que se proceda a louvação deste terreno será tirado ou preenchido os ditos sessenta alqueires sempre da parte da serra”. D.D;. Tabelião do Segundo Oficio da Comarca de Jacuí , a escritura consta do livro nº2. F.l.s, nº5 daquele cartório, senhor Arthur Freire, Livro Paróquia de São Pedro da União. Padre Pedro Ígneo Morvid, 1951).

O segundo aspecto importante para o processo de nascimento do distrito, foi a questão religiosa, por causa da imagem de São Pedro apóstolo achada na antiga capela; assim anota Sr. Francisco Brasiliense Neves”
“Um dia dois escravos Pedro Petraca, vulgo “Pedro Espetacular” e Pedro Luciano estavam roçando perto da capelinha, quando um deles deparou com um tronco de madeira, era uma imagem, a imagem de São Pedro. No golpe a foice quebrou o dedinho do pé esquerdo da imagem”. (Paróquia de São Pedro da União. Pe. Pedro Ígneo Morviti, 1951)

Abalados pelo acontecimento os moradores doaram terras para a construção da capela, e com isto há uma mudança social que motiva a curiosidade da fazenda que logo muda seu nome para fazenda São Pedro, estabelecendo o santo como Padroeiro Pedro Apóstolo, ser denominada São Pedro a União.
Assim, São Pedro da União se torna povoado em 1870 pertencente à comarca do Rio Grande, sediado em Passos, comarca constituída dos Termos de Passos, São Sebastião do Paraíso, Carmo do Rio Claro e dos distritos de Dores de Aterrado (hoje Ibiraci), Santa Rita de Cássia, São José da Boa Vista (hoje Muzambinho), Nova Resende, Pratapolis, Nossa Senhora das Dores de Guaxupé, São Francisco de Monte Santo e de Santa Bárbara das Canoas (hoje Guaranésia).
São Pedro da União que logo, com a proclamação da República inicia-se uma corrida por parte dos distritos por emancipação, e o caso de Santa Bárbara das Canoas que sem renda é território suficiente para emancipar, mas com o desmembramento de São Pedro da União do município de Jacuí, e a emancipação Santa Bárbara das Canoas, agora como Guaranésia, como aponta S. Erico Querioz, ex-agente de Estatística Municipal de Guaranésia, na composição do folheto Guaranésia!
“Prevalecendo-se dessa circunstância o coronel Misael Sanobal, do distrito de Canoas, apresentou ao presidente do Estado o pedido para criar o município, que mais tarde veio a chamar Guaranésia, e anexando a este o distrito de São Pedro da União, isto a 16 dias de setembro do ano de 1901”. (O Jornal Monitor Mineiro, 1901).

Temos outro importante informativo do distrito de Canoas o “Monitor Mineiro” nele foi publicado aos 7 dia do mês de julho do ano de 1901.
“Um pedido de anexo territorial ao senhor Afonso Pena então presidente da Comissão de Estatística do Congresso Mineiro. A transferência da freguesia para o distrito Canoas em nome da população da freguesia de São Pedro da União tem os abaixo assinados a honra de dirigir a vossa excelência a presente representação sobre a conveniência de passar este distrito a pertencer à comarca das Canoas, que é inevitavelmente a freguesia mais importante do Sul do Estado, pela liberdade de seu solo e desenvolvimento de sua lavoura, pela atividade de seu comércio e feliz topografia da localidade”. (O Jornal Monitor Mineiro, 1901).

O jornal aponta como autores a população pois não a assinatura do documento, mais é importante a questão agrária essencial da estrutura social deste, de seu nascimento, um alicerce agropecuário.

- Emancipação

A emancipação do distrito de São Pedro da União vem na fase final do Estado Novo, com nomeação do senhor Dr. Rafael de Castro (natural do município) sendo uma indicação do senhor governador do Estado mineiro Bendito Valadares como poder previsto e baixado no decreto n° 11.
“No qual estipulou que os prefeitos seriam de livre nomeação do governador... os atos importantes da administração local ficavam dependendo de autorização previa (do governador)... a fiscalização tornou-se desde então estrita e toda despesa superior a CR$30.000,00 só será realizada mediante previa autorização”. Demite 30 prefeitos eleitos em 1934 e os substitui por elementos seus (EDIGAR CARONE.1978).

Temos uma divisão das terras do mais novo município mineiro. ‘Está com base no decreto lei n°1.258 de 1937 de 12 de 1943 na conformidade das normas n° 311, de 2 de março de 1938, na parte referente as circunscrição; assim com base na ata solene inaugural do quadro territorial da república no qüinqüênio de 1944-1948, realizada na cidade de São Pedro da união, Estado de Minas Gerais, se tem a inauguração final do município como cidade e portanto sua divisão território como aponta o documento:
“O Sr Presidente, ainda de pé a assistência, pronuncia então em voz clara e pausada as seguintes palavras inaugurais: “Na forma da lei, e de acordo com o rito previsto, sendo em mira a salvaguarda jurídica dos interesses do povo, a resguardo da tradição histórica da nação e da solidariedade que deve unir todos brasileiros em torno superior de uma Pátria, essa indivisível bem organizada para defender-se, culta e progressista para fazer a felicidade dos seus filhos, eu Antônio Luiz de Freitas, juiz de Paz em exercício do meu cargo em nome do governo do Estado, declaro confirmadas para todos os efeitos, no quadro territorial esta unidade da federação brasileira, seguida do disposto na Lei Orgânica Federal n° 311, de 2 de março de 1938, e no decreto lei estadual n° 1.058 de 31 de dezembro de 1943, todas as circunscrições quando têm por sede esta localidade que ora recebe os fins de cidade, onde o povoado e a estação de Biguatinga, ficando aí respectiva sede investida na correspondente categoria de vila.
Assim fique registrado na História Pátria, para consciência de todos os brasileiros e perpétua lembrança das gerações vindouras. Honra ao Brasil uno indivisível, paz ao Brasil rico e Forte Glória ao Brasil desejoso do bem e do processo melhores sentimentos, de solidariedade humana!”. (Ata da sessão solene inaugural do quadro territorial da República no qüinqüênio de 1944-1948, realizada na cidade de São Pedro da União –MG).

Assim, o processo emancipatório, tem um caráter de mudança contra o descaso social causado por amos de dependência dos dirigentes de Guaranésia. Com o processo de nomeação e delimitação territorial o município volta para si mesmo na procura de melhoramento. O processo de emancipação foi discutido aos dias 12 de dezembro de 1943 no “Jornal Folha do Povo (Guaxupé/MG)”. Em nota o jornal aponta:
“Segundo divulgação no Minas Gerais Órgão dos Poderes do Estado, passará a ser cidade, desmembrando-se de Guaranésia, o distrito de São Pedro da União cuja população, tendo seus elementos mais representativos, muito trabalhou junto ao diretório regional de geografia da capital, a fim de que fosse atendida sua aspiração. O povoado de Biguatinga, pertencente a Jacuí, passará para o novo município”. (Acervo Folha do Povo, 12/12/1943).

Com o processo de concretização da emancipação. A figura dos representantes políticos foram homenageados no 1° do corrente, a sociedade da instalação do novo município; aspecto importante anotado no “Jornal Folha do Povo (Guaxupé/MG) 16-01-1944,
“O regozijo popular atingiu o mais intenso entusiasmo quando foram aclamados os nomes do governador Benedito Valadares, que em decreto recente emancipou o novo município, do Presidente Vargas, o supremo chefe da nação, do Dr. Rafael de Castro, novo prefeito e dos beneméritos cidadãos que tanto trabalharam pela autonomia da próspera e futurosa localidade”. (Acervo Folha do Povo, 16/01/1944).

O mesmo jornal coloca:
“Cumprindo o ritual e após as formalidades do estilo, usou a palavra como orador oficial da solenidade, o farmacêutico Aguinaldo Pereira que proferiu uma eloqüente oração alusiva ao acontecimento de magna significação para localidade. Falaram ainda, o Sr. Cel. Luiz de Castro em nome das classes produtoras do município e Srta. Catarina Miqueri, em nome da mulher petropolitense”.(Acervo Folha do Povo, 1944)

Aspecto importante à falta de manifestação popular, assim se tem uma estrutura elitista, como formas: de grandes banquetes como o oferecido a representantes da cidade e de cidades vizinhas como aponta a Folha do Povo (Guaxupé/MG) 6-02-1944:

“Abrilhantado pelo Jazz Passarine de Guaxupé, seguiu-se o grande Baile, cujas danças se prolongaram até altas horas, num ambiente de alegria e de cordialidade, terminando as festas com as quais São Pedro festejou a sua autonomia e reiterou ao seu jovem Prefeito e sua estima e a sua confiança”. (Acervo folha do Povo, 06/12/1944).
O processo de emancipação se nota um caráter não só elitista, mas também agrário pois essência do município será a agropecuária como fonte de economia municipal que sua composição social se manterá na relação proprietário de terras e trabalhadores rurais.

3.3 – Composição Social

A estrutura social do novo município se tem base na agricultura; pois se nota uma composição social baseada na cultura agrícola e na pecuária, uma relação composta pelo trabalhador e o proprietário das terras como coloca as palavras do Senhor Irineu Custódio, perguntado sobre o primeiro mandato administrativo do recém Município se São Pedro da União.
“O primeiro prefeito Dr. Rafael, foi muito bom prefeito, muito bem vindo. O povo gostou muito dele, deu serviços voltados para a roça por que não tinha, nada para o povo trabalhar. Então neste patrimônio ele encheu tudo de eucaliptos e a Fazenda São João que era do pai dele, Luiz de Castro, plantou de canto a canto de milho. Fez um primeiro mutirão onde juntou 250 pessoas para capinar os milhos dele, depois fez outro juntou 150 pessoas, então ele deu serviço pra muita gente. Foi muito bom prefeito. Depois entrou o outro partido até que tirou ele fora. Mas se deixa ele, quatro anos pra frente a cidade teria melhorado”. (Entrevista oral feita em 2007).

Há na fala do Senhor Irineu Custódio uma clara visão de dependência do trabalhador ao proprietário sendo uma composição social.
Igual as cidade do período anterior a 1930, sendo uma cidade que gira em torno da produção agrícola, com dependência das oligarquias.
A questão agrária é colocada no plano administrativo do Prefeito Dr. Rafael de Castro publicada no Jornal Cidade de Uniania, órgão Municipal que é distribuído no Município de São Pedro da União neste período, no então município com data 1º de outubro de 1944:
“Nascemos e habitamos estas soberbas montanhas, estes maravilhosos vales locais favorável sob todos os aspectos. Possuímos acima inigualável fertilidade própria à exploração agrária e pastoril com excelentes resultados social e economicamente. Há o domínio absoluto e integral dos pequenos médios proprietários em esplendido nivelamento que nos torna iguais e companheiros; Não possuímos capitalistas arrogantes e fazendeiros envaidecidos que desprezam os humildes e simples, arrancando-lhe os olhos, subjugando os ao seu poderio semi-feudal”. (Jornal Cidade de Uniania, 01/10/1944)

A, portanto, uma confirmação da estrutura social, um contraponto por questão desta relação da exploração, pois mesmo sem um “capitalismo arrogante” como ele coloca, não a outra vertente, a não ser a exploração, sendo a única forma de renda do trabalhador, e no mesmo texto o prefeito descreve o trabalho agrícola no Município.
“É o trabalho agrícola a mais internecedora e saudável das profissões e aquela que maiores possibilidades oferece de se atingir a felicidade. Nem me meteria com ela se lhe vislumbrasse qualquer sombra de indignidade e mesquinhez, com este interesse que mostrou pela agricultura, dá aos meus conterrâneos o exemplo de que devemos nos apegar a terra e trabalha-la com carinho e devoção porque ela é todos os progressos”. ( Jornal Cidade de Uniania, 01/10/1944)

Tem-se uma visão de forma ideológica para maior produção, o trabalhador não terá consciência de nada; ele se porta com uma mentalidade que realmente necessita de trabalhar, pois o trabalho é “berço”, fonte e todas as atividades e fonte do progresso. O progresso do fazendeiro, que é motivado no mesmo jornal, no artigo “problemas de momento”, onde o autor Aguinaldo Pereira, coloca como fim do conflito mundial, uma visão da lavoura,
“A lavoura que se empobreceu com a guerra, achará o seu momento oportuno de tempo, de enriquecimento rápido, ao posso que a indústria, que se enriqueceu durante a guerra, terá os seus prejuízos bem amargos”. (Jornal Cidade de Uniania, 15/10/1944)

Nota-se uma visão típica da República Velha pois a visão do artigo tem como formula de incentivar a expansão agrícola para um possível avanço do Município na expansão agrícola
Temos uma estrutura agrícola na base e na essência da organização que dispõe de informação e com isto, uma fonte de dominação típica, pois da forma de educação, saúde, transporte passa pela estrutura econômica que gira em torno da fazenda, única fonte de renda do trabalhador sem direito nenhum, a educação será um problema pois como coloca o Dr. Rafael de Castro em seu plano administrativo publicado no jornal cidade de uniania”.
“Todos os bairros que possuem regular numero de crianças compatível com a criação de uma escola terão as suas. A única dificuldade imediato na instalação destas escolas é representada pela carência dos professores”. (Jornal cidade de Uniania, 15/10/1944).

Há, portanto um embrutecimento no meio rural, pois ainda não há ensino programado. As únicas cadeiras existentes. No meio urbano como coloca o plano administrativo. As duas cadeiras em 1943 já melhoraram apreciavelmente a instrução primária local que ainda é diferente e mal organizada. Um aspecto importante no fator educacional, e o difícil acesso não há referência na questão saúde, pois como aponta Dona Licinha, perguntado sobre a profissão do prefeito Rafael de Castro.
“Médico, o primeiro medico que teve aqui, depois nem medico aqui não tinha, vinha um fica uma semana e já embora, vinha outro fica outra semana e já embora”. (Entrevista oral 2007)

Portanto não há uma estrutura programada para cidade, pois há uma mentalidade de época, de forma de costumes, modo de vida registro, como se nota quando perguntado sobre o cotidiano da cidade responde senhor Irineu Custódio.
“Lembro da cidade desta idade, nasci na roça, Córrego do Ouro, 4 km daqui, Quando eu cheguei conhecer a cidade mesmo eu tinha 14 anos, molecada do tempo antigo, os pais não deixavam sair, só no serviço, só trabalhar. Naquele tempo, foi uma vida muito difícil como diz, o caso uma vida presa, o senhor sabe no tempo antigo como era. Não tinha liberdade nenhuma, agora dos 14 anos para frente, de vez em quando o velho chamava pra dar uma volta”. (Entrevista Oral, 2007)

Há uma estrutura social restrita, isto é, na cidade havia uma mentalidade passada de geração a geração, como forma de criação dos filhos, dentro do cenário agrícola da época.
Todo tipo de manifestação seja folclore, ou outro tipo de antepassado, como aponta o senhor Benedito Alves Pereira, perguntado sobre os movimentos festivos na cidade.
“Mais ligado à roça, o movimento era na roça”. (Entrevista Oral, 2007)

A cidade um povoado em vários aspectos ligados a roça como coloca Dona Licinha, quando perguntada sobre a evolução da cidade.

“Mudou demais, pois quando eu era criança aqui era uma roça, podia contar as casas que tinham, não tinha casa lá pra cima era cemitério aonde é construído hoje o Ginásio da maquina de café (hoje terreno baldio próximo ao supermercado Reluke) não tinha nada só uma taperona (casa muito velha). Hoje a cidade já mais povoada, mas ainda falta muito para chegar a ser uma cidade que faça jus ao nome”.(Entrevista Oral, 2007)

Tem-se uma cidade de aspecto de uma estrutura social em construção, pois se nota um amplo controle da lavoura, em relação de dependência econômica, e social pois na forma organizada de uma sociedade civil. Faltam questões básicas como um bom processo educacional, falta uma saúde de qualidade, fica em momentos na mão dos farmacêuticos como aponta Senhor Irineu Custódio, perguntado sobre Aguinaldo Pereira diretor-redator do jornal “cidade uniania”

“Era o único farmacêutico que tinha aqui em São Pedro da União, não tinha outra farmácia, só a dele então ele era uma ranca coro do povo, ele judiava se precisava aqui dele, como não tinha condução naquele tempo, até que pareceu um caminhão velho pra prefeitura, ficava gente doente tinha que ir naquele caminhão que não tinha outra condução, como farmacêutico ele era muito bom, mas arrancava o couro das pessoas. “Na época tive uma pneumonia ele foi quem me curou”. (Entrevista Oral, 2007)

3.4 – Composição Oligárquica

Há uma questão oligárquica na construção do município, pois já se tem clareza na composição social e sua relação econômica, assim também nota-se ainda uma estrutura administrativa que será construída a partir de emancipação. Composição oligárquica será estruturada na relação entre duas famílias. Perguntando sobre esta composição senhor Irineu Custodio coloca:

“Peludo e Pelado era Silvério de um lado e Pereira de outro não tinha mistura”. (Entrevista Oral, 2007)

Há, portanto uma estrutura política baseada em duas famílias, como aponta Senhor Irineu Custódio.

“Família contra Família. Se tinha um candidato do lado Silvério, tinha um do lado Pereira. Era uma guerra. Depois misturando foi casando Pereira com Silvério hoje é uma família só”. (Entrevista Oral, 2007)

A partir desta luta política a composição das duas forças com uma falta de participação no sentido nacional, pois quando perguntado sobre possível participação com algum representante do governo do Estado, Sr. Benedito Alves Pereira, recorda o período anterior a emancipação
“Não tinha relação, tinha com Guaranésia, pois pertencia a Guaranésia”. (Entrevista Oral, 2007)

A luta oligárquica se mantinha num ponto relativamente na luta pelo poder pois sendo a essência das duas oligarquias a mesma, agrícola. Se a luta não traduz apenas no campo administrativo, a rivalidade passa por problemas pessoais, como foi perguntado a Dona Licinha descreve dois pontos.
“Seu for contar pra você quanta coisa eu sei, toda vida e assim como agora de primeiro era pior, de primeiro morria mesmo, mais antigamente era forte a política, morreu muita gente por causa de política, depois mudou foi mudando e o que é”.(Entrevista Oral, 2007)

Outro ponto ela coloca a questão das lutas, é um sentido de conter as rivalidades do período.

“Eu acho que aqui não precisava ter política, era unir tudo, do jeito é, o tanto de gente que tem podia ser tudo unido, não precisava ter briga, não precisava ter nada, era animar a cidade”, (Entrevista Oral, 2007).

O processo de rivalidade intensa, e que ela coloca que com pouca população e com a união destes políticos em favor da própria comunidade. Outro exemplo desta rivalidade o mesmo a senhora coloca quando perguntado sobre a rivalidade imposta a população.

“Aqui de primeiro brigava muito, ninguém fazia nada, de um lado não aceirava de outro não aceitava, então ficava na mesma, nunca melhorou, o único Prefeito que nós achamos que endireitaria foi o Dr. Rafael de Castro, mais ele era contra, logo o povo deu em cima dele e o tiraram, ele era do lado dos peludo que era Pereira”.

A sociedade entre ao poder do dinheiro, pois com a emancipação se inicia o processo de urbanização, escola, saúde, água e policia como aponta Senhor. Irineu Custódio. Quando perguntado sobre a polícia, ele coloca.
“Não tinha; tinha “Bate Pau”, funcionava aqui era isto, era as pessoas mais corajosa, punha ele como fosse policia, tinha sempre dois ou três chamava “Bate Pau”.(Entrevista Oral, 2007).

Uma sociedade sem lei, ou a lei das oligarquias, outro exemplo desta composição rival seu Irineu Custódio coloca.

“Os peludos numa política ai foi soltar foguete na de um senhor, ele matou os dois homens na porta da casa dele”; (Entrevista Oral, 2007)

Na fala do Senhor. Irineu Custódio coloca que as lutas acabaram atrapalhando o desenvolver do município.
O próprio Dr. Rafael de Castro coloca estas lutas internas no jornal cidade de uniania do 1º de outubro de 1944.
“Temos um passado político assinalado por acontecimentos desastrosos, quando as lutas partidárias esteris se transferiam para terreno pessoal, criando animosidades de conseqüências funéreas, às Vezes”.
Esse passado, já maduramente analisado e proscrito, serviu-nos de exemplo inspirando novas e mais acertadas tendências e condutas. Não possuímos, agora, senão uma frente comum orientada no sentido das grandes iniciativas e realizações”.(Jornal Cidade de Uniania, 01/10/1944)

Tem-se um estrutura social baseada em dois grupos de famílias que travam uma luta, uma contra a outra que ainda com a abertura democrática. Outro ponto importante vem do descaso com a população trabalhadora que será implantada por sua relação de dependência da estrutura do campo, que se manterá, ao passar do tempo, conseguindo melhoramento como saúde, escola e transporte ainda não realizados em 1944.
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