quinta-feira, 5 de novembro de 2009

são pedro da união

- ORIGEM DA CIDADE

– Localização e Origem de São Pedro da União – MG

São Pedro da União está localizada ao sudoeste de Minas Gerais, sobre o planalto de Poços de Caldas, sobre a bacia médio Rio Grande, com o clima considerado semi-úmido, sua vegetação natural é composta de ambrôfila mista, a vegetação que ocorre em níveis altimétricos situados acima de 800 metros de altitudes, seus agrupamentos são considerados como disjunções refugiados da serra da Mantiqueira.
Encontra-se ainda vegetações remanescentes das formações de Montana e Auto-Montana, caracterizada pela presença de auracaria, localizado a 406 km de Belo Horizonte e 470 km de São Paulo. E então localidade tem municípios visinhos como Guaranésia, Nova Resende, Guaxupé, Monte Santo de Minas, Bom Jesus da Penha, cuí.
No ano de 1953 erguem-se as primeiras casas no então distrito de São Pedro da União – MG, onde foram doados sessenta alqueires de terras, num fato importante que mexe com dois pontos essenciais na estrutura que nasce o município; o primeiro é a questão agrícola; pois se tem num perímetro uma doação em grande escala de terra de posses de várias pessoas dentro do então distrito da Vila São Carlos de Jacuí comarca de Três Pontas, doada por 19 pessoas ditas sócias desta fazenda, como coloca o tabelião, senhor Arthur Freire:

“Todos moradores nesta mesma fazenda que os reconheço pelos próprios de que trato e dou fé e por eles foi dito em presença das testemunhas adiante nomeadas a assinadas elas bem de mim reconhecida, que sendo eles sócios em comum nesta dita fazenda e como tais senhores e possuidores das partes que proporcionalmente lhes cabem muitos se suas livres vontade e sem constrangimentos de pessoa alguma doavam como de fato doado tinham sessenta alqueires de culturas e cerrados no lugar denominado “Retiro”, para patrimônio da capela do mesmo santo que é São Pedro; assim delimita a localização geográfica, como aponta o mesmo tabelião; “Principia no Corguinho da morada do doador João Manuel do Amaral até a Barra das “Areias”, e descendo areias abaixo até a barra do córrego da Morada do Finado Francisco Jose de Siqueira e subindo por este acima até o fundo do quintal do mesmo Siqueira e subindo pelo córrego da esquerda, seguindo a maior água até a serra e seguindo por esta até o espigão que vem procurando o Corguinho onde principiou e finda esta divisa com a declaração porém que a todo o tempo em que se proceda a louvação deste terreno será tirado ou preenchido os ditos sessenta alqueires sempre da parte da serra”. D.D;. Tabelião do Segundo Oficio da Comarca de Jacuí , a escritura consta do livro nº2. F.l.s, nº5 daquele cartório, senhor Arthur Freire, Livro Paróquia de São Pedro da União. Padre Pedro Ígneo Morvid, 1951).

O segundo aspecto importante para o processo de nascimento do distrito, foi a questão religiosa, por causa da imagem de São Pedro apóstolo achada na antiga capela; assim anota Sr. Francisco Brasiliense Neves”
“Um dia dois escravos Pedro Petraca, vulgo “Pedro Espetacular” e Pedro Luciano estavam roçando perto da capelinha, quando um deles deparou com um tronco de madeira, era uma imagem, a imagem de São Pedro. No golpe a foice quebrou o dedinho do pé esquerdo da imagem”. (Paróquia de São Pedro da União. Pe. Pedro Ígneo Morviti, 1951)

Abalados pelo acontecimento os moradores doaram terras para a construção da capela, e com isto há uma mudança social que motiva a curiosidade da fazenda que logo muda seu nome para fazenda São Pedro, estabelecendo o santo como Padroeiro Pedro Apóstolo, ser denominada São Pedro a União.
Assim, São Pedro da União se torna povoado em 1870 pertencente à comarca do Rio Grande, sediado em Passos, comarca constituída dos Termos de Passos, São Sebastião do Paraíso, Carmo do Rio Claro e dos distritos de Dores de Aterrado (hoje Ibiraci), Santa Rita de Cássia, São José da Boa Vista (hoje Muzambinho), Nova Resende, Pratapolis, Nossa Senhora das Dores de Guaxupé, São Francisco de Monte Santo e de Santa Bárbara das Canoas (hoje Guaranésia).
São Pedro da União que logo, com a proclamação da República inicia-se uma corrida por parte dos distritos por emancipação, e o caso de Santa Bárbara das Canoas que sem renda é território suficiente para emancipar, mas com o desmembramento de São Pedro da União do município de Jacuí, e a emancipação Santa Bárbara das Canoas, agora como Guaranésia, como aponta S. Erico Querioz, ex-agente de Estatística Municipal de Guaranésia, na composição do folheto Guaranésia!
“Prevalecendo-se dessa circunstância o coronel Misael Sanobal, do distrito de Canoas, apresentou ao presidente do Estado o pedido para criar o município, que mais tarde veio a chamar Guaranésia, e anexando a este o distrito de São Pedro da União, isto a 16 dias de setembro do ano de 1901”. (O Jornal Monitor Mineiro, 1901).

Temos outro importante informativo do distrito de Canoas o “Monitor Mineiro” nele foi publicado aos 7 dia do mês de julho do ano de 1901.
“Um pedido de anexo territorial ao senhor Afonso Pena então presidente da Comissão de Estatística do Congresso Mineiro. A transferência da freguesia para o distrito Canoas em nome da população da freguesia de São Pedro da União tem os abaixo assinados a honra de dirigir a vossa excelência a presente representação sobre a conveniência de passar este distrito a pertencer à comarca das Canoas, que é inevitavelmente a freguesia mais importante do Sul do Estado, pela liberdade de seu solo e desenvolvimento de sua lavoura, pela atividade de seu comércio e feliz topografia da localidade”. (O Jornal Monitor Mineiro, 1901).

O jornal aponta como autores a população pois não a assinatura do documento, mais é importante a questão agrária essencial da estrutura social deste, de seu nascimento, um alicerce agropecuário.

- Emancipação

A emancipação do distrito de São Pedro da União vem na fase final do Estado Novo, com nomeação do senhor Dr. Rafael de Castro (natural do município) sendo uma indicação do senhor governador do Estado mineiro Bendito Valadares como poder previsto e baixado no decreto n° 11.
“No qual estipulou que os prefeitos seriam de livre nomeação do governador... os atos importantes da administração local ficavam dependendo de autorização previa (do governador)... a fiscalização tornou-se desde então estrita e toda despesa superior a CR$30.000,00 só será realizada mediante previa autorização”. Demite 30 prefeitos eleitos em 1934 e os substitui por elementos seus (EDIGAR CARONE.1978).

Temos uma divisão das terras do mais novo município mineiro. ‘Está com base no decreto lei n°1.258 de 1937 de 12 de 1943 na conformidade das normas n° 311, de 2 de março de 1938, na parte referente as circunscrição; assim com base na ata solene inaugural do quadro territorial da república no qüinqüênio de 1944-1948, realizada na cidade de São Pedro da união, Estado de Minas Gerais, se tem a inauguração final do município como cidade e portanto sua divisão território como aponta o documento:
“O Sr Presidente, ainda de pé a assistência, pronuncia então em voz clara e pausada as seguintes palavras inaugurais: “Na forma da lei, e de acordo com o rito previsto, sendo em mira a salvaguarda jurídica dos interesses do povo, a resguardo da tradição histórica da nação e da solidariedade que deve unir todos brasileiros em torno superior de uma Pátria, essa indivisível bem organizada para defender-se, culta e progressista para fazer a felicidade dos seus filhos, eu Antônio Luiz de Freitas, juiz de Paz em exercício do meu cargo em nome do governo do Estado, declaro confirmadas para todos os efeitos, no quadro territorial esta unidade da federação brasileira, seguida do disposto na Lei Orgânica Federal n° 311, de 2 de março de 1938, e no decreto lei estadual n° 1.058 de 31 de dezembro de 1943, todas as circunscrições quando têm por sede esta localidade que ora recebe os fins de cidade, onde o povoado e a estação de Biguatinga, ficando aí respectiva sede investida na correspondente categoria de vila.
Assim fique registrado na História Pátria, para consciência de todos os brasileiros e perpétua lembrança das gerações vindouras. Honra ao Brasil uno indivisível, paz ao Brasil rico e Forte Glória ao Brasil desejoso do bem e do processo melhores sentimentos, de solidariedade humana!”. (Ata da sessão solene inaugural do quadro territorial da República no qüinqüênio de 1944-1948, realizada na cidade de São Pedro da União –MG).

Assim, o processo emancipatório, tem um caráter de mudança contra o descaso social causado por amos de dependência dos dirigentes de Guaranésia. Com o processo de nomeação e delimitação territorial o município volta para si mesmo na procura de melhoramento. O processo de emancipação foi discutido aos dias 12 de dezembro de 1943 no “Jornal Folha do Povo (Guaxupé/MG)”. Em nota o jornal aponta:
“Segundo divulgação no Minas Gerais Órgão dos Poderes do Estado, passará a ser cidade, desmembrando-se de Guaranésia, o distrito de São Pedro da União cuja população, tendo seus elementos mais representativos, muito trabalhou junto ao diretório regional de geografia da capital, a fim de que fosse atendida sua aspiração. O povoado de Biguatinga, pertencente a Jacuí, passará para o novo município”. (Acervo Folha do Povo, 12/12/1943).

Com o processo de concretização da emancipação. A figura dos representantes políticos foram homenageados no 1° do corrente, a sociedade da instalação do novo município; aspecto importante anotado no “Jornal Folha do Povo (Guaxupé/MG) 16-01-1944,
“O regozijo popular atingiu o mais intenso entusiasmo quando foram aclamados os nomes do governador Benedito Valadares, que em decreto recente emancipou o novo município, do Presidente Vargas, o supremo chefe da nação, do Dr. Rafael de Castro, novo prefeito e dos beneméritos cidadãos que tanto trabalharam pela autonomia da próspera e futurosa localidade”. (Acervo Folha do Povo, 16/01/1944).

O mesmo jornal coloca:
“Cumprindo o ritual e após as formalidades do estilo, usou a palavra como orador oficial da solenidade, o farmacêutico Aguinaldo Pereira que proferiu uma eloqüente oração alusiva ao acontecimento de magna significação para localidade. Falaram ainda, o Sr. Cel. Luiz de Castro em nome das classes produtoras do município e Srta. Catarina Miqueri, em nome da mulher petropolitense”.(Acervo Folha do Povo, 1944)

Aspecto importante à falta de manifestação popular, assim se tem uma estrutura elitista, como formas: de grandes banquetes como o oferecido a representantes da cidade e de cidades vizinhas como aponta a Folha do Povo (Guaxupé/MG) 6-02-1944:

“Abrilhantado pelo Jazz Passarine de Guaxupé, seguiu-se o grande Baile, cujas danças se prolongaram até altas horas, num ambiente de alegria e de cordialidade, terminando as festas com as quais São Pedro festejou a sua autonomia e reiterou ao seu jovem Prefeito e sua estima e a sua confiança”. (Acervo folha do Povo, 06/12/1944).
O processo de emancipação se nota um caráter não só elitista, mas também agrário pois essência do município será a agropecuária como fonte de economia municipal que sua composição social se manterá na relação proprietário de terras e trabalhadores rurais.

3.3 – Composição Social

A estrutura social do novo município se tem base na agricultura; pois se nota uma composição social baseada na cultura agrícola e na pecuária, uma relação composta pelo trabalhador e o proprietário das terras como coloca as palavras do Senhor Irineu Custódio, perguntado sobre o primeiro mandato administrativo do recém Município se São Pedro da União.
“O primeiro prefeito Dr. Rafael, foi muito bom prefeito, muito bem vindo. O povo gostou muito dele, deu serviços voltados para a roça por que não tinha, nada para o povo trabalhar. Então neste patrimônio ele encheu tudo de eucaliptos e a Fazenda São João que era do pai dele, Luiz de Castro, plantou de canto a canto de milho. Fez um primeiro mutirão onde juntou 250 pessoas para capinar os milhos dele, depois fez outro juntou 150 pessoas, então ele deu serviço pra muita gente. Foi muito bom prefeito. Depois entrou o outro partido até que tirou ele fora. Mas se deixa ele, quatro anos pra frente a cidade teria melhorado”. (Entrevista oral feita em 2007).

Há na fala do Senhor Irineu Custódio uma clara visão de dependência do trabalhador ao proprietário sendo uma composição social.
Igual as cidade do período anterior a 1930, sendo uma cidade que gira em torno da produção agrícola, com dependência das oligarquias.
A questão agrária é colocada no plano administrativo do Prefeito Dr. Rafael de Castro publicada no Jornal Cidade de Uniania, órgão Municipal que é distribuído no Município de São Pedro da União neste período, no então município com data 1º de outubro de 1944:
“Nascemos e habitamos estas soberbas montanhas, estes maravilhosos vales locais favorável sob todos os aspectos. Possuímos acima inigualável fertilidade própria à exploração agrária e pastoril com excelentes resultados social e economicamente. Há o domínio absoluto e integral dos pequenos médios proprietários em esplendido nivelamento que nos torna iguais e companheiros; Não possuímos capitalistas arrogantes e fazendeiros envaidecidos que desprezam os humildes e simples, arrancando-lhe os olhos, subjugando os ao seu poderio semi-feudal”. (Jornal Cidade de Uniania, 01/10/1944)

A, portanto, uma confirmação da estrutura social, um contraponto por questão desta relação da exploração, pois mesmo sem um “capitalismo arrogante” como ele coloca, não a outra vertente, a não ser a exploração, sendo a única forma de renda do trabalhador, e no mesmo texto o prefeito descreve o trabalho agrícola no Município.
“É o trabalho agrícola a mais internecedora e saudável das profissões e aquela que maiores possibilidades oferece de se atingir a felicidade. Nem me meteria com ela se lhe vislumbrasse qualquer sombra de indignidade e mesquinhez, com este interesse que mostrou pela agricultura, dá aos meus conterrâneos o exemplo de que devemos nos apegar a terra e trabalha-la com carinho e devoção porque ela é todos os progressos”. ( Jornal Cidade de Uniania, 01/10/1944)

Tem-se uma visão de forma ideológica para maior produção, o trabalhador não terá consciência de nada; ele se porta com uma mentalidade que realmente necessita de trabalhar, pois o trabalho é “berço”, fonte e todas as atividades e fonte do progresso. O progresso do fazendeiro, que é motivado no mesmo jornal, no artigo “problemas de momento”, onde o autor Aguinaldo Pereira, coloca como fim do conflito mundial, uma visão da lavoura,
“A lavoura que se empobreceu com a guerra, achará o seu momento oportuno de tempo, de enriquecimento rápido, ao posso que a indústria, que se enriqueceu durante a guerra, terá os seus prejuízos bem amargos”. (Jornal Cidade de Uniania, 15/10/1944)

Nota-se uma visão típica da República Velha pois a visão do artigo tem como formula de incentivar a expansão agrícola para um possível avanço do Município na expansão agrícola
Temos uma estrutura agrícola na base e na essência da organização que dispõe de informação e com isto, uma fonte de dominação típica, pois da forma de educação, saúde, transporte passa pela estrutura econômica que gira em torno da fazenda, única fonte de renda do trabalhador sem direito nenhum, a educação será um problema pois como coloca o Dr. Rafael de Castro em seu plano administrativo publicado no jornal cidade de uniania”.
“Todos os bairros que possuem regular numero de crianças compatível com a criação de uma escola terão as suas. A única dificuldade imediato na instalação destas escolas é representada pela carência dos professores”. (Jornal cidade de Uniania, 15/10/1944).

Há, portanto um embrutecimento no meio rural, pois ainda não há ensino programado. As únicas cadeiras existentes. No meio urbano como coloca o plano administrativo. As duas cadeiras em 1943 já melhoraram apreciavelmente a instrução primária local que ainda é diferente e mal organizada. Um aspecto importante no fator educacional, e o difícil acesso não há referência na questão saúde, pois como aponta Dona Licinha, perguntado sobre a profissão do prefeito Rafael de Castro.
“Médico, o primeiro medico que teve aqui, depois nem medico aqui não tinha, vinha um fica uma semana e já embora, vinha outro fica outra semana e já embora”. (Entrevista oral 2007)

Portanto não há uma estrutura programada para cidade, pois há uma mentalidade de época, de forma de costumes, modo de vida registro, como se nota quando perguntado sobre o cotidiano da cidade responde senhor Irineu Custódio.
“Lembro da cidade desta idade, nasci na roça, Córrego do Ouro, 4 km daqui, Quando eu cheguei conhecer a cidade mesmo eu tinha 14 anos, molecada do tempo antigo, os pais não deixavam sair, só no serviço, só trabalhar. Naquele tempo, foi uma vida muito difícil como diz, o caso uma vida presa, o senhor sabe no tempo antigo como era. Não tinha liberdade nenhuma, agora dos 14 anos para frente, de vez em quando o velho chamava pra dar uma volta”. (Entrevista Oral, 2007)

Há uma estrutura social restrita, isto é, na cidade havia uma mentalidade passada de geração a geração, como forma de criação dos filhos, dentro do cenário agrícola da época.
Todo tipo de manifestação seja folclore, ou outro tipo de antepassado, como aponta o senhor Benedito Alves Pereira, perguntado sobre os movimentos festivos na cidade.
“Mais ligado à roça, o movimento era na roça”. (Entrevista Oral, 2007)

A cidade um povoado em vários aspectos ligados a roça como coloca Dona Licinha, quando perguntada sobre a evolução da cidade.

“Mudou demais, pois quando eu era criança aqui era uma roça, podia contar as casas que tinham, não tinha casa lá pra cima era cemitério aonde é construído hoje o Ginásio da maquina de café (hoje terreno baldio próximo ao supermercado Reluke) não tinha nada só uma taperona (casa muito velha). Hoje a cidade já mais povoada, mas ainda falta muito para chegar a ser uma cidade que faça jus ao nome”.(Entrevista Oral, 2007)

Tem-se uma cidade de aspecto de uma estrutura social em construção, pois se nota um amplo controle da lavoura, em relação de dependência econômica, e social pois na forma organizada de uma sociedade civil. Faltam questões básicas como um bom processo educacional, falta uma saúde de qualidade, fica em momentos na mão dos farmacêuticos como aponta Senhor Irineu Custódio, perguntado sobre Aguinaldo Pereira diretor-redator do jornal “cidade uniania”

“Era o único farmacêutico que tinha aqui em São Pedro da União, não tinha outra farmácia, só a dele então ele era uma ranca coro do povo, ele judiava se precisava aqui dele, como não tinha condução naquele tempo, até que pareceu um caminhão velho pra prefeitura, ficava gente doente tinha que ir naquele caminhão que não tinha outra condução, como farmacêutico ele era muito bom, mas arrancava o couro das pessoas. “Na época tive uma pneumonia ele foi quem me curou”. (Entrevista Oral, 2007)

3.4 – Composição Oligárquica

Há uma questão oligárquica na construção do município, pois já se tem clareza na composição social e sua relação econômica, assim também nota-se ainda uma estrutura administrativa que será construída a partir de emancipação. Composição oligárquica será estruturada na relação entre duas famílias. Perguntando sobre esta composição senhor Irineu Custodio coloca:

“Peludo e Pelado era Silvério de um lado e Pereira de outro não tinha mistura”. (Entrevista Oral, 2007)

Há, portanto uma estrutura política baseada em duas famílias, como aponta Senhor Irineu Custódio.

“Família contra Família. Se tinha um candidato do lado Silvério, tinha um do lado Pereira. Era uma guerra. Depois misturando foi casando Pereira com Silvério hoje é uma família só”. (Entrevista Oral, 2007)

A partir desta luta política a composição das duas forças com uma falta de participação no sentido nacional, pois quando perguntado sobre possível participação com algum representante do governo do Estado, Sr. Benedito Alves Pereira, recorda o período anterior a emancipação
“Não tinha relação, tinha com Guaranésia, pois pertencia a Guaranésia”. (Entrevista Oral, 2007)

A luta oligárquica se mantinha num ponto relativamente na luta pelo poder pois sendo a essência das duas oligarquias a mesma, agrícola. Se a luta não traduz apenas no campo administrativo, a rivalidade passa por problemas pessoais, como foi perguntado a Dona Licinha descreve dois pontos.
“Seu for contar pra você quanta coisa eu sei, toda vida e assim como agora de primeiro era pior, de primeiro morria mesmo, mais antigamente era forte a política, morreu muita gente por causa de política, depois mudou foi mudando e o que é”.(Entrevista Oral, 2007)

Outro ponto ela coloca a questão das lutas, é um sentido de conter as rivalidades do período.

“Eu acho que aqui não precisava ter política, era unir tudo, do jeito é, o tanto de gente que tem podia ser tudo unido, não precisava ter briga, não precisava ter nada, era animar a cidade”, (Entrevista Oral, 2007).

O processo de rivalidade intensa, e que ela coloca que com pouca população e com a união destes políticos em favor da própria comunidade. Outro exemplo desta rivalidade o mesmo a senhora coloca quando perguntado sobre a rivalidade imposta a população.

“Aqui de primeiro brigava muito, ninguém fazia nada, de um lado não aceirava de outro não aceitava, então ficava na mesma, nunca melhorou, o único Prefeito que nós achamos que endireitaria foi o Dr. Rafael de Castro, mais ele era contra, logo o povo deu em cima dele e o tiraram, ele era do lado dos peludo que era Pereira”.

A sociedade entre ao poder do dinheiro, pois com a emancipação se inicia o processo de urbanização, escola, saúde, água e policia como aponta Senhor. Irineu Custódio. Quando perguntado sobre a polícia, ele coloca.
“Não tinha; tinha “Bate Pau”, funcionava aqui era isto, era as pessoas mais corajosa, punha ele como fosse policia, tinha sempre dois ou três chamava “Bate Pau”.(Entrevista Oral, 2007).

Uma sociedade sem lei, ou a lei das oligarquias, outro exemplo desta composição rival seu Irineu Custódio coloca.

“Os peludos numa política ai foi soltar foguete na de um senhor, ele matou os dois homens na porta da casa dele”; (Entrevista Oral, 2007)

Na fala do Senhor. Irineu Custódio coloca que as lutas acabaram atrapalhando o desenvolver do município.
O próprio Dr. Rafael de Castro coloca estas lutas internas no jornal cidade de uniania do 1º de outubro de 1944.
“Temos um passado político assinalado por acontecimentos desastrosos, quando as lutas partidárias esteris se transferiam para terreno pessoal, criando animosidades de conseqüências funéreas, às Vezes”.
Esse passado, já maduramente analisado e proscrito, serviu-nos de exemplo inspirando novas e mais acertadas tendências e condutas. Não possuímos, agora, senão uma frente comum orientada no sentido das grandes iniciativas e realizações”.(Jornal Cidade de Uniania, 01/10/1944)

Tem-se um estrutura social baseada em dois grupos de famílias que travam uma luta, uma contra a outra que ainda com a abertura democrática. Outro ponto importante vem do descaso com a população trabalhadora que será implantada por sua relação de dependência da estrutura do campo, que se manterá, ao passar do tempo, conseguindo melhoramento como saúde, escola e transporte ainda não realizados em 1944.
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Um comentário:

  1. Parabéns pelo ótimo texto e pesquisa! Meu avô materno, José Martins da Trindade, nascido em 1900 em São Pedro da União, certa vez me contou das intensas brigas políticas ocorridas em SPU no seu tempo de criança: "Era tiro para quanto era lado, por isso sai correndo e só parei quando finalmente cheguei em casa, no Sítio São João Pequeno, algumas léguas do local". Boas lembranças também das minhas férias de criança em SPU, da alegria de conviver e aprender com meus pais, irmãs, avós, primos e tios e amigos; de curtir o riacho, os cavalos, o carro de boi do meu avô, a casa grande, a linda fonte luminosa na praça da cidade (que algum prefeito de miolo mole mandou demolir), as festas, as procissões, a folia de reis, a comida do fogão à lenha, as noites frias, o colchão de palha, o povo humilde, amigo e encantador! Tempo que não volta mais, mas que marcou minha personalidade e minha vida!


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